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Psicooncología en el ámbito pediátrico.

Autor/autores: Suênia S. de Morais Lopes
Fecha Publicación: 01/03/2013
Área temática: Psicología general .
Tipo de trabajo:  Conferencia

RESUMEN

El cáncer es una enfermedad genética que se caracteriza por la división incontrolada y la proliferación de las células mutadas en su material genético. Las tecnologías de detección y tratamiento del cáncer infantil han evolucionado significativamente en las últimas décadas. Inicialmente, el trabajo del equipo de salud era centrado en proporcionar a los niños la supervivencia con cáncer, que hoy se trata de promover una calidad de vida para estos niños. La Psico-oncología en Brasil surgió de la visión cambiante de los profesionales de la salud y el público en general sobre la enfermedad y en su aspecto psicosocial. Nacido de la unión de los aspectos relacionados con la psicología y la oncología, tiene como objetivo valorar los aspectos emocionales de los pacientes con cáncer y la inclusión de estos factores en su tratamiento, reducir al mínimo la división de la idea inicial biomédica y cartesiana entre mente y cuerpo Dada la importancia del tema, este estudio t rata de determinar el contexto de este zona de la psicología. Este es un estudio teórico que analiza algunos textos brasileños, entre ellos ocho artículos y tres capítulos de libros que hablan principalmente acerca de la naturaleza multifactorial del la cáncer y de la importancia de entender para un tratamiento eficaz.

La conclusión es, pues, que la psico-oncología se constituye como un área interdisciplinaria que tiene como objetivo promover la calidad de vida en el cuidado de la oncología pediátrica, tanto para el niño y la familia y los profesionales del la salud implicados. 

Palabras clave: Calidad de vida, Multifactorial, Niños, Psico-oncología, Tratamiento


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PSICOONCOLOGÍA EN EL ÁMBITO PEDIÁTRICO

PSYCHO-ONCOLOGY IN THE PEDIATRIC CONTEXT

PSICO-ONCOLOGIA NO CONTEXTO PEDIÁTRICO

Priscilla Cristhina Bezerra de Araújo (UFRN)*, Júlia Carmo Bezerra**, Suênia Sâmara de Morais Lopes***, Maihana Maíra Cruz Dantas (UFRN)****, Luciana Carla Barbosa de Oliveira***** e Eulália Maria Chaves Maia (UFRN)******.

*Priscilla Cristhina Bezerra de Araújo - Psicóloga da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC/UFRN). Especialista em Psicologia da Saúde: Desenvolvimento e Hospitalização (UFRN). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRN/PPPsiUFRN. Pesquisadora do grupo de Estudos: Psicologia e Saúde (GEPS) da UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: priscilla_cristhina@yahoo. com. br

**Júlia Carmo Bezerra - Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Participante da Base de Pesquisa Grupos de Estudos Psicologia e Saúde (GEPS). Bolsista de Extensão na Maternidade Escola Januário Cicco (UFRN). Natal-RN, Brasil. E-mail: july850@hotmail. com

***Suênia Sâmara de Morais Lopes – Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Bolsista Voluntária de Iniciação Científica da Base de Pesquisa Grupos de Estudos Psicologia e Saúde (GEPS) da UFRN. Natal-RN, Brasil. E-mail: suenia_samara@hotmail. com

****Maihana Maíra Cruz Dantas – Psicóloga pela UFRN. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia (UFRN). Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia (UFRN). Especialista em Psicologia da Saúde: Desenvolvimento e Hospitalização (UFRN). E-mail: maihana_cruz@yahoo. com. br

*****Luciana Carla Barbosa de Oliveira – Doutora em Ciências da Saúde pela UFRN. Especialista em Psicologia da Sáude: Desenvolvimento e Hospitalização pela UFRN. Psicóloga do hospital de Pediatria Professore Heriberto Bezerra da  Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HOSPED/UFRN). Coordenadora do Serviço de Psicologia do HOSPED/UFRN. Diretora Acadêmica Adjunta do HOSPED/UFRN.   Coordenadora Interina da Residência Multiprofissional Integrada na Atenção à Saúde da Criança do HOSPED/UFRN. Co-orientadora do Mestrado do Programa de Pós-graduação de Psicologia da UFRN. Docente do Curso de Psicologia da FACEX. Natal, RN, Brasil. E-mail: lucianacarla. psi@hotmail. com

******Eulália Maria Chaves Maia – Psicóloga. Professora Doutora do Departamento de Psicologia e dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e em Ciências de Saúde, da UFRN. Líder da base de Pesquisa grupo de Estudos: Psicologia e Saúde (GEPS) da UFRN. Natal-RN, Brasil. E-mail: eulalia. maia@yahoo. com. br

 

 

 

RESUMEN

El cáncer es una enfermedad genética que se caracteriza por la división incontrolada y la proliferación de las células mutadas en su material genético. Las tecnologías de detección y tratamiento del cáncer infantil han evolucionado significativamente en las últimas décadas. Inicialmente, el trabajo del equipo de salud era centrado en proporcionar a los niños la supervivencia con cáncer, que hoy se trata de promover una calidad de vida para estos niños. La Psico-oncología en Brasil surgió de la visión cambiante de los profesionales de la salud y el público en general sobre la enfermedad y en su aspecto psicosocial. Nacido de la unión de los aspectos relacionados con la psicología y la oncología, tiene como objetivo valorar los aspectos emocionales de los pacientes con cáncer y la inclusión de estos factores en su tratamiento, reducir al mínimo la división de la idea inicial biomédica y cartesiana entre mente y cuerpo Dada la importancia del tema, este estudio trata de determinar el contexto de este zona de la psicología. Este es un estudio teórico que analiza algunos textos brasileños, entre ellos ocho artículos y tres capítulos de libros que hablan principalmente acerca de la naturaleza multifactorial del la cáncer y de la importancia de entender para un tratamiento eficaz. La conclusión es, pues, que la psico-oncología se constituye como un área interdisciplinaria que tiene como objetivo promover la calidad de vida en el cuidado de la oncología pediátrica, tanto para el niño y la familia y los profesionales del la salud implicados.

PALABRAS CLAVE: Psico-oncología, niños, multifactorial, el tratamiento, la calidad de vida.

 

ABSTRACT

Cancer is a genetic disease characterized by uncontrolled division and proliferation of cells mutated in its genetic material. The technologies of detection and treatment of childhood cancer have evolved significantly in recent decades. Initially the work of the health team was focused on providing a survival to children with cancer, today to seek to promote a quality of life for them. The Psycho-oncology in Brazil emerged from the changing view of health professionals and the general public regarding the disease and its psychosocial aspect. Created of the union of the aspects related to psychology and oncology it aims to value the emotional aspects of cancer patients and the inclusion of these factors in their treatment, minimizing the initial idea of biomedical and Cartesian division between mind and body. Given the importance of the topic, this study sought to determine the perspective of this area of ​​psychology. This is a theoretical study which analyzed some Brazilian texts, including eight articles and three book chapters that speak primarily about the multifactorial nature of cancer and the importance of understanding for effective treatment. The conclusion is thus that the psycho-oncology is constituted as an interdisciplinary area that aims to promote quality of life to the care of pediatric oncology, both for the child and family and health professionals involved.

KEYWORDS: Psycho-oncology, child, multifactorial, treatment, quality of life.

RESUMO

O câncer é uma doença genética caracterizada pela divisão e proliferação desordenada de células que sofreram mutação em seu material genético. As tecnologias de detecção e tratamento do câncer infantil evoluíram muito nas últimas décadas. Inicialmente o trabalho da equipe de saúde era focado no oferecimento de uma sobrevida as crianças com câncer, hoje se busca a promoção de uma qualidade de vida para essas crianças. A Psico-oncologia no Brasil surgiu a partir da mudança de visão dos profissionais de saúde e da opinião pública em geral, a respeito da doença e seu aspecto psicossocial. Nasceu da união dos aspectos relacionados à psicologia e a oncologia e visa à valorização dos aspectos emocionais do paciente oncológico e a inclusão desses fatores no seu tratamento, minimizando a ideia inicialmente biomédica e cartesiana de cisão entre corpo e mente. Diante da importância do tema, o presente trabalho busca avaliar o panorama dessa área da psicologia. Trata-se de um estudo teórico onde foram analisados alguns textos brasileiros, entre eles oito artigos e três capítulos de livros que falam primordialmente sobre o caráter multifatorial do câncer e a importância da sua compreensão para o tratamento eficaz. Conclui-se dessa forma que a psico-oncologia se constitui como uma área de atuação interdisciplinar que busca favorecer a qualidade de vida na assistência da oncologia pediátrica, tanto para a criança como para a família e os profissionais de saúde envolvidos.

PALAVRAS-CHAVE: Psico-oncologia, criança, multifatorial, tratamento, qualidade de vida.

INTRODUÇÃO

O câncer é caracterizado pela anormalidade das células e sua divisão excessiva. Trata-se de uma doença de etiologia multifatorial, ou seja, ocorre em uma ação conjunta de vários fatores como predisposição genética, exposição a elementos ambientais de risco, outros fatores biológicos, psicológicos e sociais (¹).

As tecnologias de detecção e tratamento do câncer infantil evoluíram muito nas últimas décadas (²). O diagnóstico de câncer e seu consequente tratamento vêm obtendo resultados cada vez mais favoráveis e, em consequência, as taxas de sobrevida vem aumentando (³).

A melhora na possibilidade de tratamento e cura levou ao surgimento de uma nova área de intervenção psicológica voltada aos cuidados com os sobreviventes e suas necessidades de lidar com a cura e o caráter crônico da doença, com a insegurança provocada por ela e suas possíveis sequelas. Assim, o desenvolvimento da medicina gerou um aumento significativo da sobrevida e da quantidade de sobrevivente, além da melhora da qualidade de vida (4). Ou seja, inicialmente o trabalho da equipe de saúde era focado no oferecimento de uma sobrevida as crianças com câncer, hoje se busca a promoção de uma qualidade de vida para elas.

Com o passar dos anos, os médicos passaram a perceber que aspectos psicossociais estavam envolvidos na incidência, evolução e remissão do câncer (4). A literatura traz a possibilidade de contribuições psicológicas no crescimento do câncer com possíveis efeitos de estados emocionais na modificação hormonal e alteração do sistema imunológico (¹). Nesse sentido, surge a psico-oncologia no Brasil a partir da mudança de visão dos profissionais de saúde e da opinião pública em geral, a respeito da doença e seu aspecto psicossocial.

Essa área nasceu da união dos aspectos relacionados à psicologia e a oncologia (4) e visa à valorização dos aspectos emocionais do paciente oncológico e a inclusão desses fatores no seu tratamento, minimizando a ideia inicialmente biomédica e cartesiana de cisão entre corpo e mente. Diante da importância do tema, o presente trabalho busca avaliar o panorama dessa área da psicologia.

Trata-se de um estudo teórico em que foram analisados alguns textos brasileiros, entre eles oito artigos e três capítulos de livros. De modo geral, a literatura investigada abarca primordialmente o caráter multifatorial do câncer e a importância da sua compreensão para o tratamento eficaz.

 

PSICO-ONCOLOGIA

Desde a antiguidade, sabe-se que o câncer está relacionado à fatores emocionais, no entanto, apenas nos tempos atuais essa relação tornou-se mais clara. No século XVII Descartes estabeleceu um sistema dicotômico de pensamento de cisão entre o corpo e a mente4, 5.

A visão cartesiana deu origem ao modelo biomédico em que as doenças podem ser explicadas por distúrbios em processos fisiológicos e independem de processos psicológicos e sociais1. Por muito tempo essa visão predominou na ciência e na medicina, sendo reforçada por estudos posteriores que alegavam que cada doença teria um agente etiológico próprio. No entanto, essa divisão, do ser em duas instâncias, no caso, corpo e mente, dificulta a visão integrada dele4.

No final do século XIX a integração mente-corpo foi retomada por Freud nos seus “Estudos sobre Histeria”. Ele mostrou que acontecimentos psíquicos podiam ter consequências orgânicas e abriu o caminho para os estudos da Medicina Psicossomática, essa significando essa a inter-relação entre mente e corpo1.

Mediante essa nova concepção, o câncer passa a ser entendido com uma doença multicausal, ou seja, tem vários fatores envolvidos, não só os aspectos biológicos da formação dos tumores, como também os aspectos sociais do sujeito e sua interação com o meio, além dos aspectos psicológicos1, 2. Durante todo o percurso da doença, do surgimento, desenvolvimento ao prognóstico, os aspectos psicológicos estão sempre envolvidos, além de outros fatores, e por isso também necessitam de atenção, tanto quanto os aspectos físicos. O sofrimento psíquico também pode ser desencadeado pela doença, nesse sentido, o trabalho do psicólogo é atuar na relação do paciente com seu sintoma2.

Desse modo, a psico-oncologia, como área do conhecimento, surge no momento em que a comunidade científica passa a reconhecer que o aparecimento, a manutenção e a remissão do câncer são intermediados por fatores que extrapolam a condição fisiológica6. Ela aparece somente na década de 50 e caracteriza-se como uma subárea da psicologia da saúde e que está relacionada à oncologia e à psicologia7, 8.

A psico-oncologia foi definida por Holland9 apud Stephan5 como

“uma subespecialidade da Oncologia, que procura estudar as duas dimensões psicológicas presentes no diagnóstico do câncer: 1) o impacto do câncer no funcionamento emocional do paciente, sua família e profissionais de saúde envolvidos em seu tratamento; 2) o papel das variáveis psicológicas e comportamentais na incidência e na sobrevivência ao câncer” (p. 620).

 

 

 

A psico-oncologia tem como objetivo principal proporcionar uma maior qualidade de vida ao paciente com câncer através de uma abordagem psicossocial. A incorporação do conceito de cuidados paliativos e a valorização do aspecto religioso, além da valorização dos aspectos emocionais do paciente oncológico e a inclusão destes fatores no seu tratamento1.

Face ao exposto observa-se que em certo momento da história das doenças, o câncer passou a ser relacionado às emoções que não podiam ser expressas, sendo o paciente incapaz de lidar com os aspectos emocionais da sua vida4. Assim, os fatores psicológicos que interferem nos processos de desenvolvimento de doenças já foram referidos desde a antiguidade, mas os primeiros estudos sistemáticos que investigam a relação entre as variáveis psicológicas e o desenvolvimento do câncer datam da década de 403.

Na atualidade, acredita-se que as emoções podem estar envolvidas no desenvolvimento do câncer através da baixa da eficiência do sistema imunológico4. Foi a partir da mudança de visão por parte dos profissionais de saúde e da opinião pública em geral que a psiquiatria e a psicologia foram inseridas no tratamento oncológico a partir da criação de uma nova área da psicologia da saúde no Brasil, no caso, a psico-oncologia1, 3.

No que concerne à psico-oncologia pediátrica, área que estuda a influência de fatores psicossociais sobre o desenvolvimento, manifestação e tratamento do câncer em crianças6, 10, esta se desenvolveu apenas nos últimos 40 anos7. Nesse contexto, algumas características são peculiares quando se trata do adoecimento pelo câncer na infância, aspectos esses a serem retratados adiante.

 

ONCOLOGIA PEDIÁTRICA

De acordo com o INCA11 citado por Costa Jr³, o câncer é um problema de saúde pública que atinge indivíduos de todas as idades e em todo o mundo, é a segunda maior causa de morte por doença no mundo e é a principal doença causadora de morte em crianças menores de 15 anos de idade2. Ao contrário dos adultos, no caso do câncer infantil os fatores de risco que podem estar associados ao surgimento da doença não são claros2.

Trata-se de uma doença genética caracterizada pela divisão e proliferação desordenada de células que sofreram mutação em seu material genético2, 3. Esse acúmulo de células dá origem aos tumores que podem se formar em qualquer parte do organismo. Os tumores podem ser classificados em benignos ou malignos, o que os diferencia é o risco de vida que este último oferece ao paciente2.

A descoberta do câncer gera medo nos paciente. Medo de sentir dor, de sofrer, da mutilação e a insegurança quanto ao futuro devido ao risco de morte. Durante todo o tratamento, desde o diagnóstico, os pacientes sofrem danos tanto físicos quanto psicológicos devido aos procedimentos altamente invasivos quanto à mudança no estilo de vida ocasionada pela doença2.

Muito se enfatiza sobre a importância da detecção precoce do câncer infantil, visto que se assim acontecer há uma maior probabilidade de se obter mais facilmente a cura. No entanto, essa detecção precoce não é fácil, visto que os sintomas do câncer infantil podem ser facilmente confundidos com outras doenças comuns nas crianças2.

As tecnologias de detecção e tratamento do câncer infantil evoluíram muito nas últimas décadas. No entanto a mesma não foi possível para a prevenção da doença visto que os fatores de risco que ativam a doença não são conhecidos, como no caso dos adultos, nestes sabe-se que a doença está associada a fatores ambientais, incluindo o meio em geral, ambiente ocupacional, ambiente de consumo e ambiente cultural2, 3. Essas descobertas de novos tratamentos foram modificando a visão do câncer como uma sentença de morte. As novas informações sobre as causas, os processos do câncer e os tratamentos começaram a modificar o panorama da doença, dando aos pacientes uma maior sobrevida e possibilidades de cura, cada vez mais frequente, principalmente no âmbito da pediatria1.

Nesse contexto, o surgimento da doença é um evento inesperado e indesejável. O câncer infantil, dependendo do tipo e do diagnóstico, pode causar sequelas físicas e psíquicas que serão marcantes para ela. A criança tem sua rotina e hábitos infantis alterados devido às limitações impostas pela doença e seu tratamento2.

O adoecimento para elas é seguido da sensação de perda. Perda do controle, da autonomia que já havia adquirido, da privacidade. Além disso, tem que lidar com a nova rotina de normas e tratamentos imposta pelos cuidadores. Ademais, os sintomas físicos resultantes da doença e do tratamento, mostram-se como uma ameaça a autoimagem da criança e a imagem que os outros formam dela, gerando sentimentos de ansiedade, raiva, culpa ou depressão2.

A grande frequência de hospitalizações provoca o distanciamento da criança do seu ambiente familiar e da escola, gerando prejuízos no seu rendimento acadêmico e socialização. Além disso, os procedimentos médicos são muitas vezes invasivos e dolorosos, causando estresse e sentimento de impotência da criança diante de si mesma e seu corpo2. Estes eventos podem constituir-se em condições de maior ou menor risco ao desenvolvimento infantil6.

Ao se falar em crianças com câncer torna-se impossível não se falar na sua família. Os danos causados pela doença afetam tanto as crianças quanto seus familiares que também tem suas vidas transformadas diante do diagnóstico do câncer2.

O contexto aversivo estabelecido pelo câncer começa antes mesmo do diagnóstico, em que os pacientes e seus pais, na maioria das vezes, precisam enfrentar um longo período de incertezas e expectativas desde o aparecimento dos sintomas7. Em seguida, diante do diagnóstico, os pais tem uma reação de choque que pode levar à auto-cupabilização pelo adoecimento da criança. No entanto, isso depende de cada família2.

Após o impacto causado pelo diagnóstico, os familiares sofrem mudanças na sua dinâmica, visto a necessidade da atenção integral ao paciente, geralmente papel desempenhado pela mãe, que deixa sua casa, marido e outros filhos para dedicar-se integralmente ao filho doente e o marido deve assumir as responsabilidades domésticas e o cuidado a outros filhos. Os papeis mudam e todos tem que se adaptar a eles2, 7.

Essa reconfiguração familiar e sua possível desestruturação causada diante do diagnóstico do câncer infantil são inevitáveis. Todavia, cada membro reage de uma maneira diferente e o trabalho da equipe com a família e a criança diante de tal situação é muito importante2.

No que diz respeito à atuação da Psicologia no âmbito oncológico seu acompanhamento junto aos pacientes e seus familiares visa auxiliá-los na busca de recursos mais eficientes para adaptar-se à situação e a lidar com ela da forma mais saudável possível, fazendo dela uma oportunidade de crescimento e amadurecimento2. Salienta-se que esse suporte psicológico aos pacientes com câncer é garantido por Lei (decreto 741/05)4.

Ainda nesse contexto, o psicólogo desenvolve suas atividades também com a equipe de saúde; essa frequentemente é direcionada à redução do estresse visto que esse contexto é permeado por condutas e procedimentos invasivos, mutiladores, agressivos e que causam alto nível ansiedade nesses profissionais1. Em suma, na Oncologia Pediátrica, o psicólogo tem três focos de intervenção: a criança, a família e a equipe de saúde2.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A infância é um período peculiar do desenvolvimento humano, é nesse período que, a partir das vivências com os familiares e as relações sociais, o indivíduo constrói sua relação com o mundo externo e seu próprio corpo, assumindo, assim, uma estrutura de personalidade que é base para todas as suas experiências futuras. Nesse contexto, o surgimento da doença surge como evento inesperado e indesejável, principalmente no caso do câncer infantil, que dependendo do tipo e do diagnóstico, pode causar sequelas físicas e psíquicas que serão marcantes.

Diante do adoecimento e da hospitalização, a criança tem sua rotina e hábitos infantis alterados devido às limitações impostas, gerando uma sucessão de perdas para ela. No entanto, as tecnologias de detecção e tratamento do câncer infantil evoluíram muito nas últimas décadas, dando a elas não só uma maior sobrevida como também uma melhor qualidade de vida.

Com este objetivo, de melhorar a qualidade de vida dessas crianças, a psico-oncologia nasceu da união dos aspectos relacionados à psicologia e a oncologia, visando à valorização dos aspectos emocionais do paciente oncológico e a inclusão desses fatores no seu tratamento. Seu desenvolvimento no Brasil foi possível a partir da mudança de visão dos profissionais de saúde e da opinião pública geral a respeito da etiologia, detecção e tratamento do câncer.

Hoje o psicólogo é parte atuante na equipe de saúde nos cuidados oncológicos e o direito a esse suporte psicológico é garantido por Lei (decreto 741/05) aos pacientes oncológicos. Sabendo-se de tal, conclui-se, dessa forma, que a psico-oncologia se constitui como uma área de atuação interdisciplinar que busca favorecer a qualidade de vida na assistência da oncologia pediátrica, tanto para a criança como para a família e os profissionais de saúde envolvidos.

 

REFERÊNCIAS

Carvalho MM. Psico-oncologia: história, características e desafios. Psicol. USP. 2002; 13(1).

Cardoso, FT. Câncer infantil: aspectos emocionais e atuação do psicólogo. Rev. SBPH. 2007; 10(1):25-52.

Costa Jr AL. O desenvolvimento da psico-oncologia: implicações para a pesquisa e intervenção profissional em saúde. Psicol. cienc. prof. 2001; 21(2).

Veit MT. Carvalho VA. In: ____________. Temas em psico-oncologia. São Paulo: Summus, 2008. p. 15-19.

Stephan MMAC. A psico-oncologia no Brasil: notas sobre o passado e o presente; aspirações e estratégias para o futuro. In: ____________. Temas em psico-oncologia. São Paulo: Summus, 2008. p. 619-633.

Costa Jr AL. Psico-oncologia pediátrica. Obtido em http://www. moreirajr. com. br/revistas. asp?id_materia=829&fase=imprime

Kohlsdorf M. Aspectos psicossociais no câncer pediátrico: estudo sobre literatura brasileira publicada entre 2000 e 2009. Psicologia em Revista. 2010; 16(2):271-294.

Araujo TCCF. Câncer infantil: intervenção, formação e pesquisa em psico-oncologia pediátrica. Psicol. hosp. (São Paulo). 2006; 4(1).

Holland JC. Rowland JH. Handbook of psychoology: psychological care of the patient with cancer. Nova York: Oxford University Press, 1989.

Costa Jr AL. Psico-oncologia e manejo de procedimentos invasivos em oncologia pediátrica: uma revisão de literatura. Psicologia Reflexão e Crítica. 1999; 12(1).

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