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El efecto de la actividad física en los componentes negativos de la salud psicológica: Envejecimiento y representación social.

Autor/autores: Santana The effects of the physical activity on the components negatives of the psychological health: Aging and social representations.
Fecha Publicación: 01/03/2007
Área temática: Neurocognitivos, Trastornos neurocognitivos .
Tipo de trabajo:  Conferencia

RESUMEN

El proceso de envejecimiento humano corresponde a un fenómeno diversificado y ha sido tratado en las más diferentes áreas del conocimiento. En Brasil el envejecimiento tiene aumentada la prevalencia de enfermedades psiquiatricas, de las cuales la depresión y la ansiedad se encuentran entre las alteraciones psicológicas que más han sido estudiadas. El objetivo de esta pesquisa es investigar las representaciones sociales de la actividad física de un grupo de personas en proceso de envejecimiento. Fueron realizadas 70 entrevistas individuales con participantes de ambos sexos, con edad superior a 50 años, de un Programa de Actividades Físicas al Tercera Edad, en el município de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.

Las entrevistas fueron analizadas por medio de la técnica del análisis del contenido y a la luz de la teoría de las representaciones sociales. El escape de la soledad, la pérdida del negatividad y de la calidad de vida fueron divulgados en el alcance general de las razones que conducirán nuestros entrevistados para frecuentar las actividades del programa como forma de confrontación y/o cura a los dos males mayores: la depresión y la ansiedad. La representación social de la actividad física para ellos si está constituido como una de las estrategias potenciales para ocuparse de estos componentes negativos de la salud psicológica. Para esta gente, la actividad física tiene se revelado de gran valia como medida terapéutica, de quién asociación entre las ventajas psicologicas y la actividad física se tiene como coadjuvante importante contra síntomas y señala que estas enfermedades presentan.

Palabras clave: Actividad física, Envejecimiento, Representación social, Salud psicológica


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El efecto de la actividad física en los componentes negativos de la salud psicológica: Envejecimiento y representación social.

(The effects of the physical activity on the components negatives of the psychological health: Aging and social representations. )

Santana, Maria da Silva1; Torres, Lúcia Gomes2 ; Maia Eulália Maria Chaves3.

1- Psicóloga do Centro de Educação Especial da SECD-RN. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde- UFRN. Departamento de Psicologia da Saúde. Base de Pesquisa – grupo de Estudos em Psicologia e Saúde/GEPS.  

2-Professora Especialista de Educação Física da Secretaria Estadual de Educação e Desporto de Natal, Rio Grande do Norte (SECD-RN). Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde-UFRN. Departamento de Psicologia da Saúde. Base de pesquisa: grupo de Estudos em Psicologia e Saúde-GEPS.  

3- Profa. Dra. Eulália Maria Chaves Maia – Professora, Coordenadora e Orientadora da Base de Pesquisa – grupo de Estudos em Psicologia e Saúde/GEPS. Departamento de Psicologia da Saúde. Centro de Ciências da Saúde/Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.  

4-Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PPGCSA).

PALABRAS CLAVE: Representación social, Salud psicológica, Envejecimiento, Actividad física.

(KEYWORDS: Social Representation, Psychological Health, Aging, Physical Activity. )

Resumen

El proceso de envejecimiento humano corresponde a un fenómeno diversificado y ha sido tratado en las más diferentes áreas del conocimiento. En Brasil el envejecimiento tiene aumentada la prevalencia de enfermedades psiquiatricas, de las cuales la depresión y la ansiedad se encuentran entre las alteraciones psicológicas que más han sido estudiadas. El objetivo de esta pesquisa es investigar las representaciones sociales de la actividad física de un grupo de personas en proceso de envejecimiento. Fueron realizadas 70 entrevistas individuales con participantes de ambos sexos, con edad superior a 50 años, de un Programa de Actividades Físicas al Tercera Edad, en el município de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Las entrevistas fueron analizadas por medio de la técnica del análisis del contenido y a la luz de la teoría de las representaciones sociales. El escape de la soledad, la pérdida del negatividad y de la calidad de vida fueron divulgados en el alcance general de las razones que conducirán nuestros entrevistados para frecuentar las actividades del programa como forma de confrontación y/o cura a los dos males mayores: la depresión y la ansiedad. La representación social de la actividad física para ellos si está constituido como una de las estrategias potenciales para ocuparse de estos componentes negativos de la salud psicológica. Para esta gente, la actividad física tiene se revelado de gran valia como medida terapéutica, de quién asociación entre las ventajas psicologicas y la actividad física se tiene como coadjuvante importante contra síntomas y señala que estas enfermedades presentan.

Abstract

The process of human aging corresponds to phenomenon the multiple phases and it comes being treated in the most several areas of the knowledge. In Brazil the aging has been increasing the prevalence of psychiatric diseases, of the which the depression and the anxiety meet among the psychological alterations that more has been studied. The objective of this work is to understand the social representations of the physical activity of a group of people in aging process. Seventy individual interviews were accomplished in participants of both sexes, with superior age to 50 years, of a Program of Physical Activities to the Third Age, in the municipal of Natal, Rio Grande do Norte, Brazil. The interviews were analyzed starting from the technique of content analysis and discussed through of the Theory of the Social Representations. The escape of the solitude, loss of the negatividade and life quality revealed in general ambit of the reasons that took our interviewees to frequent it the activities of the Program as form of to affront and/other cure to two larger evils: the depression and the anxiety. The social representation of the physical activity for them was constituted as one of the potential strategies to work with those components negatives of the psychological health. For those people, the physical activity has been showing of plenty it was worth as therapeutic measure, whose association between psychological benefits and physical activity is had as a helping one important against symptoms and signs that those diseases present.



Introdução

Com o aumento da expectativa de vida, fruto do progresso contínuo na luta contra a mortalidade dos últimos séculos, e um aumento no número de pessoas que chegam à velhice, as necessidades dos idosos passaram a fazer parte das mais variadas manifestações, onde se atenta para as possibilidades de um envelhecimento adequado, como chegar e viver bem na 3a. idade, tornando-se imprescindível a construção do saber como norteador de práticas em âmbito multidimensional voltadas a essas pessoas.

No âmbito da educação física, distintamente do que ocorre na área biológica, a área psicológica ainda tem poucas publicações no Brasil (1), todavia, há de convir que o panorama geral do conhecimento produzido pela psicologia, enfocando o envelhecimento a partir do padrão de pensamento atual, leva-nos a melhor compreender os efeitos da atividade física relacionados aos aspectos psicológicos do idoso, bem como o que já foi e o que deve ser realizado em termos de pesquisa.

Atualmente, a psicologia do envelhecimento estuda as alterações comportamentais que acompanham o declínio da funcionalidade dos vários domínios do comportamento psicológico. É uma área que se relaciona com a psicologia do desenvolvimento e com a gerontologia – área multidisciplinar que tem interfaces com outras que estudam o envelhecimento, o que torna o estudo do fenômeno do envelhecimento bastante complexo.

A partir de um novo conceito sobre envelhecimento, essa área de conhecimento pauta suas investigações mudando a visão sobre o que é ser velho e sobre a velhice no mundo contemporâneo. Até então, a maior parte das informações disponíveis sobre a velhice tinha, e ainda tem considerado, sobretudo, as perdas e limitações associadas a esse momento de vida, ao invés de olhar para o potencial de desenvolvimento inerente ao homem durante todo o ciclo vital, como o faz a emergente área da psicologia do envelhecimento.

De acordo com Néri (2), essa área se apóia na perspectiva da psicologia do curso de vida, a qual considera, que a natureza do desenvolvimento envolve mudanças com características qualitativas e não só quantitativas, o que leva cada período etário a se caracterizar por comportamentos e papéis peculiares, além de considerar a interconexão entre sistemas de pessoa em desenvolvimento, em interação. Sua concepção é de que o desenvolvimento comporta ganhos e perdas concomitantemente, sendo sempre multidirecional e multifuncional.

Ainda conforme esta autora (3), qualidade de vida, satisfação ou bem-estar psicológico, dentre outras expressões que se equivalem, são atributos da velhice, designada na literatura gerontológica internacional por velhice bem-sucedida. Esta depende do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades da pessoa, o que lhe permite lidar com as inevitáveis perdas decorrentes do envelhecimento com diferentes graus de eficácia.  
Embora esse bem envelhecer possa receber uma influência dos atributos pessoais e da responsabilidade do indivíduo por sua vida, ele depende, em última instância, da interação entre o indivíduo e seu contexto, ambos em constante transformação.

Assim sendo, tomou-se como referencial principal a Teoria das Representações Sociais (4), pressupondo que: a exploração das representações sociais poderia permitir o contato com imagens e conteúdos que expressassem, de certa forma, as necessidades de saúde sentidas pelas pessoas, no caso deste estudo, na terceira idade, freqüentadores regulares de atividades de um projeto específico a essa faixa etária, no município de Natal, estado do Rio Grande do Norte, Brasil.  

No debate interdisciplinar, a Teoria das Representações Sociais (TRS) permite, naturalmente, um diálogo permanente com outras disciplinas, equipando-se, conceitual e metodologicamente, para tratar seus objetos/sujeitos e, dessa maneira, revelar a arquitetura da complexidade e a dinâmica dos processos reais, porém sociais, possibilitando intervenções efetivamente integradoras.

Neste contexto a TRS coloca-se como instrumento teórico-metodológico, que investiga e explica a realidade numa dimensão histórico-crítica, tornando-se um recurso de análise científico amplamente utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento. Para Moscovici (4):

A representação social é um corpus organizado de conhecimentos e uma das atividades psíquicas graças às quais os homens tornam inteligível a realidade física e social, inserem-se num grupo ou numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os poderes de sua imaginação.


Sabe-se das particularidades de cada indivíduo como única e pessoal; no entanto, a maneira pela qual cada pessoa vive a experiência da atividade física varia muito, segundo suas crenças, suas expectativas, seus tipos de atividades preferidas e suas identificações distintas.

A perspectiva desta pesquisa consiste em ampliar a atenção sobre os efeitos da atividade física na prevenção e/ou redução da ansiedade e da depressão, de forma que não limite a definição de saúde mental ou de bem-estar psicológico. Há um consenso de que a atividade física regular tem efeitos benéficos em todas as idades e em ambos os sexos (5).  

A problemática deste trabalho focou-se no seguinte questionamento: como pessoas na terceira idade representam as atividades físicas como estratégia de ganho de saúde psicológica? E o principal objetivo foi delimitar os conteúdos e as informações das representações sociais sobre os benefícios da atividade física na saúde psicológica dessas pessoas.

O bem-estar psicológica na velhice

Dentre as tendências de investigação, o bem-estar psicológico e a satisfação na velhice têm sido consideravelmente estudados pela gerontologia, através de dimensões como envolvimento e apatia, resolução e fortaleza, autoconceito positivo, humor, felicidade, ajustamento, moral, saúde, longevidade, bem-estar subjetivo e equilíbrio entre aspirações e realizações.
De acordo com Okuma (1), ainda são recentes os estudos sobre as dimensões psicológicas da educação física, o quanto o envelhecimento sob essa dimensão ainda não foi considerado, e o pouco emprego dos conhecimentos existentes a respeito das proposições teóricas sobre velhice bem-sucedida nas pesquisas que relacionam atividade física e envelhecimento.

Geralmente, é aceito que o exercício e a atividade física produzem mudanças de natureza mais positiva, como sensação de bem-estar, felicidade, energia que, se medidas acuradamente, podem ser mais facilmente observadas.

McAuley e Rudolf, apud Okuma (1) argumentam que a determinação da percepção do bem-estar psicológico ou subjetivo demanda uma avaliação multidimensional de como e por quê se experiência a vida de maneira positiva. Para os autores, o bem-estar subjetivo inclui julgamentos cognitivos e reações afetivas e, como tal, é representado pela satisfação que se tem da vida e pela preponderância dos afetos positivos sobre os negativos.

Saúde psicológica, ainda para esses autores, compreende tanto os componentes positivos como os negativos. O primeiro inclui as funções cognitivas, a auto-estima, os afetos positivos e a auto-eficácia. O segundo inclui depressão, ansiedade e outras emoções relacionadas com estresse.  

Uma das alterações afetivas mais estudadas na relação com atividade física é a depressão. Entretanto, antes de proceder à análise dessa relação, convém chamar a atenção para o emprego inadequado do termo depressão, a fim de que se possa entender o alcance dos efeitos da atividade física em tal relação.  

Segundo Guz (6), o termo depressão pode referir-se 1) a um sintoma, 2) a reações depressivas ou depressões reativas e 3) à doença depressiva.

Os conceitos variam desde a um estado de tristeza ou humor rebaixado (sintoma depressivo), a um conjunto de sintomas e sinais, como tristeza, pessimismo, desânimo (já são as reações depressivas). A doença depressiva, por sua vez, refere-se a condições patológicas.

Quanto aos transtornos de ansiedade, de acordo com Machado; Fernández e Portieles (7) estes se relacionam diretamente com o processo de satisfação das necessidades, com as atitudes que o sujeito assume ante as diferentes demandas, com as motivações e com as interpretação e percepção que cada sujeito faz dos acontecimentos da vida, assim como de seus recursos adaptativos, mecanismos de afrontamento e acesso a redes de apoio social.

Para esses autores, o risco de se sofrer ansiedade aumenta com o nível de estresse, resultando ser muito difícil determinar as causas que a provocam, muitas vezes se prega à coexistência de vários fatores que atuam e se potencializam gerando ansiedade.


Percebido um evento vital, cada pessoa apresenta uma maneira peculiar de lidar com ele. Em situações de estresse, por exemplo, identificada uma ameaça, se põem em jogo formas de afrontamento que são típicas para cada indivíduo, próprias de seu estilo pessoal e têm que ver tanto com sua experiência anterior, sua personalidade e suas atitudes, como com a valoração das circunstâncias, o grau de ameaça e o tipo de problema que confronta. No caso da ansiedade, ela resulta de uma auto-avaliação negativa da capacidade em lidar com determinado evento e pode transformar-se num importante problema de saúde.  

À medida que a pessoa incorpora padrões adequados e se identifica com eles, que se socializa em sua comunidade, adaptado espontaneamente e atuando ativamente na busca de seu espaço, seguro e satisfeito, estará em condições de assimilar desafios progressivamente estressantes e eventualmente conflitivos 

A Teoria das Representações Sociais

Para este estudo buscou-se na Psicologia Social a base para a análise do social tal como ele pode ser apreendido através dos modos de vida e comportamentos particulares das pessoas de um determinado grupo, ou seja, maneiras próprias de pensar, de olhar, de reagir frente a acontecimentos tais como, o envelhecimento e a morte, a saúde ou a doença.

A obra de Moscovici intitulada “A Psychanalyse, son Image et son Publique”, publicada em 1961(8), inaugurou um novo campo na psicologia social: o estudo das representações sociais. Esta obra lançou uma problemática específica – como é que o conhecimento científico é consumido, transformado e utilizado pelo ‘homem comum’ (leigo) – e uma problemática mais geral – como constrói o homem a realidade.  

Sobre esta última problemática se tem verificado um incremento considerável do número e diversidade de investigações ao nível metodológico das representações sociais (9).

Para esta autora, a articulação de níveis de análise tem possibilitado a integração dos conceitos da cognição social e das teorias das relações intergrupais, por exemplo, num quadro integrado e coerente. Dessa forma, o conceito de representação social tem permitido fazer a ponte não só entre várias áreas dentro da psicologia social, mas também entre as diversas áreas das ciências sociais e humanas.  

A dinamicidade das representações sociais é uma imposição do mundo moderno, em constante transformação. E é nesse contexto de relações intergrupais que o indivíduo elabora e reelabora, constantemente, as representações sociais que dão conta de situá-lo socialmente.

Para Moscovici (10), as representações sociais enquanto sistemas de interpretação regulam a nossa relação com os outros e orientam o nosso comportamento. As representações intervêm ainda em processos tão variados como difusão e a assimilação de conhecimento, a construção de identidades pessoais e sociais, o comportamento intra e intergrupal, as ações de resistência e de mudança social.

Enquanto fenômenos cognitivos, as representações sociais são consideradas como o produto de uma atividade de apropriação da realidade exterior e, simultaneamente, como processo de elaboração psicológica e social da realidade (11). Para Minayo (12), são definidas como categorias de pensamento que expressam a realidade, explicam-na, justificando-a ou questionando-a.

Retomando a noção de ‘representação coletiva’ de Emile Durkheim, a representação é um modo de pensamento ligado à ação individual e coletiva. O que as apresentações coletivas traduzem, de acordo com este autor (9) é a maneira como o grupo se pensa nas suas relações com os objetos que o afetam.  

E para Moscovici (13):

As representações sociais são racionais, não por serem sociais, mas porque elas são coletivas. Para dizer as coisas brevemente, é somente dessa maneira que os homens se tornam racionais, e um indivíduo isolado e só não poderia sê-lo. Desse modo, toda psicologia das formas de pensamento, ou de linguagem, deve necessariamente ser social”.


Segundo esse autor, a Teoria das Representações Sociais confere racionalidade da crença coletiva e sua significação, às ideologias, aos saberes populares e ao senso comum.

A construção de uma representação é a própria construção de um sentido e de uma identidade individual, grupal ou coletiva, consciente ou não.
Para Claudine Herzlich: (14)

“O interesse no estudo de uma representação social deve situar-se no nível de esclarecimento de fenômenos mais coletivos. Uma representação social, para mim, permite em princípio compreender por que alguns problemas sobressaem numa sociedade e esclarecer alguns aspectos de sua apropriação pela sociedade. . . ”.

A mesma autora afirma que o papel de orientação das representações permite a compreensão através da formulação coerente de um saber, da interpretação e atribuição de um sentido, de que forma chegam e constituem o foco de condutas múltiplas e complexas em campos como o da saúde-doença.

Assim, as representações sociais servem como guias da ação, uma vez que modelam e constituem os elementos do contexto no qual esta ocorre (8) e desempenham, ainda, certas funções na manutenção da identidade social e do equilíbrio sociocognitivo (11).

Olhar para as representações sobre a velhice no Brasil da década de 90 (15), é atestar a presença dos dramas que se expressam, sobretudo nas de idosos abandonados nos asilos ou em filas monumentais à espera do dinheiro minguado da aposentadoria. Entretanto, essas imagens convivem com as representações da velhice gratificante e produtiva, que ganha expressão quando estão em jogo os programas para a terceira idade, como suas universidades e grupos de convivência e de lazer.

Esses espaços possibilitam que uma experiência inovadora possa ser vivida coletivamente. Neles são encorajadas a busca da auto-expressão e a exploração de identidades de um modo que era exclusivo da juventude.

Esses programas emergem num contexto em que um conjunto de discursos amplamente divulgados pela mídia se empenha em desestabilizar expectativas e imagens tradicionalmente associadas ao avanço da idade, enfatizando que esta não é um marcador pertinente de comportamentos e estilos de vida e divulgando uma série de receitas como técnicas de manutenção corporal, comidas saudáveis, ginásticas, medicamentos, bailes, e outras formas de lazer que procuram mostrar como os que não se sentem velhos devem se comportar, apesar da idade.  

Abordar a velhice na experiência contemporânea é descrever um contexto em que as imagens e os espaços abertos para uma velhice bem-sucedida não levam necessariamente a uma atitude mais tolerante com os velhos, mas sim, e antes de tudo, a um compromisso com um tipo determinado de envelhecimento positivo.

- A Teoria do núcleo Central

A Teoria do núcleo Central (TNC) (16); (17), estabelece que as representações sociais se organizam em torno de um núcleo estruturante composto por um ou mais elementos que dão significado à representação. O núcleo central, também denominado núcleo estruturante, possuiria, assim, duas funções fundamentais:

a) Função geradora – é o elemento através do qual se cria, ou se transforma, o significado dos outros elementos característicos da representação. É por meio dele que outros elementos adquirem sentido e valor;

b) Função organizadora – é o núcleo central que define a natureza dos elos, ligando entre si os elementos da representação. É, portanto, o elemento unificador e estabilizador da representação. Qualquer modificação no núcleo central determinará uma transformação completa da representação (18).

Pode-se dizer que ele é o elemento mais estável da representação, aquele que consegue manter sua continuidade em contextos variáveis e evolutivos. Na representação, ele é o elemento mais resistente à mudança. Por esta razão, qualquer modificação do núcleo central vai determinar uma transformação completa da representação. Supõe a teoria que é a partir da identificação do núcleo central que se torna possível o estudo comparativo das representações (18).

Como complemento indispensável do núcleo central, existiria um sistema periférico constituído pelos elementos não-centrais da representação, ou seja, os elementos que não se incluem no núcleo central. Os elementos periféricos são responsáveis pela interface entre a realidade e o sistema central, posto que atualiza e contextualiza as determinações normativas e outras formas consensuais do núcleo central. É essa interface que permite a mobilidade, a flexibilidade e a expressão individualizada que, igualmente, como diz Sá (19), caracterizam as representações sociais.  

Material e métodos

Partimos do pressuposto que o objeto das representações sociais está incluído num contexto ativo e dinâmico e que é concebido pelo sujeito ou coletividade como prolongamento do seu comportamento. Nesse sentido, a representação social é uma “preparação para a ação”, que remodela e recompõe os elementos do meio ambiente estabelecendo um sentido para a ação (4).

Os saberes de quem chega à terceira idade, permitiu ampliar a atenção sobre os efeitos da atividade física através das imagens e conteúdos que expressaram, de certa forma, necessidades individuais de saúde em relação a uma realidade social: O Projeto Saúde e Cidadania na Terceira Idade.

Uma vez que uma representação social envolve diversos produtos mentais e culturais, como crenças, percepções, opiniões, imagens, conceitos, é sempre aconselhável adotar-se uma abordagem plurimetodológica (20); (18); (19).  

Seguindo esse caminho, a metodologia adotada neste estudo procurou explorar os aspectos qualitativos e quantitativos do fenômeno, orientando-se tanto pelos pressupostos da teoria elaborada por Serge Moscovici quanto pela teoria complementar de Jean-Claude Abric: a Teoria do núcleo Central.  

Partindo-se dessas referências, procurou-se captar os discursos produzidos pelos alunos do projeto “Saúde e Cidadania na Terceira Idade” a respeito das atividades físicas, de modo a analisar as representações sociais por eles construídas acerca dos cuidados com a saúde.  

O termo de consentimento pré-informado foi assinado por todos os participantes da pesquisa, após detalhada explicação sobre os propósitos do estudo, e leitura e explicação do termo.

- Os sujeitos do estudo e o campo de observação

Participaram desta pesquisa 70 pessoas de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 50 anos, alunos de um programa para a terceira idade, denominado “Saúde e Cidadania na Melhor Idade”, localizado no Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte – CEFET/RN, no Município de Natal/RN, Brasil. Dessa amostra, 66 eram do sexo feminino e 4 do sexo masculino.

- A coleta dos dados

O trabalho de campo foi realizado através da técnica da associação livre de palavras e de idéias (questão aberta), de um questionário para a caracterização dos sujeitos e da observação de cunho etnográfico.

- Instrumentos de coleta dos dados

1. O Questionário

O questionário apresentou no primeiro bloco de questões, uma adaptação visando à apreensão dos elementos do núcleo central das representações, através da técnica da associação livre de palavras (21); (22). No caso deste estudo foi solicitado aos participantes escrever as cinco primeiras palavras que lhes vinham à mente sobre o tema indutor “Atividades Físicas”.  

A dimensão projetiva desta técnica permite acessar mais rapidamente os elementos que constituem o universo semântico do objeto estudado e tem se mostrado bastante útil nos estudos de valores, estereótipos, atitudes, imagens, símbolos e percepções, conteúdos estes fundamentais na organização das representações sociais.

As demais questões visavam a conhecer outros dados que permitissem traçar um perfil dos sujeitos, tais como sexo, escolaridade e estado civil.


2. A Questão Aberta

Para se conhecer com maior amplitude outros conteúdos que compõem uma representação social, tais como conteúdos culturais e de ordem afetiva, foi direcionado para que o sujeito fizesse uma associação livre de idéias (questão aberta) por escrito, estimulado pela frase indutora “Por quê você resolveu fazer parte de um programa que usa a atividade física como eixo estruturador?”.

3. A Técnica de Cunho Etnográfico

A técnica de observação de cunho etnográfico foi utilizada visando observar como os conteúdos representacionais, enquanto vinculados a universos simbólicos amplos, orientam, na prática, as ações dos sujeitos, permitindo, assim, confrontar os discursos e o fazer diário dos alunos do Programa, sobre a atividade física como promotora da saúde, não preocupados com o ato em si, mas com os significados para seus atores, onde os fatos são transformados em relatos e inscritos num discurso social. Esta técnica, como diz Minayo (23), quando aplicada diretamente à própria realidade, permite captar o que há de mais imponderável e evasivo na vida real.

- Análise dos dados

Empregamos a análise quanti-qualitativa para descrição e inferência dos dados. Para a análise das informações obtidas na associação livre de palavras foi utilizado um instrumental estatístico baseado na Teoria do núcleo Central(19); (24) , embora a abordagem subjacente a ela seja de natureza essencialmente qualitativa. O tratamento das evocações livres foi feito com a construção de um “quadro de quatro casas” onde são distribuídos os termos evocados considerando a freqüência e a ordem das evocações produzidas, possibilitando a determinação da organização dos termos produzidos em função da hierarquia subjacente a esses dois indicadores (19); (25).  

Os discursos da questão aberta foram submetidos à análise de conteúdo temática. “O tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo critérios relativos à teoria que serve de guia à literatura” (26). Fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou freqüência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado.

Retomando a leitura dos dados construímos então as duas categorias de análise do estudo: A dimensão “saúde” e a dimensão “social” da atividade física, com as quais analisamos as percepções e representações de pessoas na terceira idade.


Resultados e discussão

As evocações obtidas com a técnica da associação livre de palavras permitiram seguir as três fases de investigações sugeridas por Abric (18): a fase da investigação do conteúdo da representação; a do estudo da estrutura e da organização deste; e a etapa da determinação e controle do núcleo central.

Em seguida, através de um processo de classificação, que começa pela proximidade das palavras em nível semântico, fez-se a representação gráfica dos resultados por meio de tabelas de freqüências. Depois, seguiu-se à classificação em unidades de significação e, por fim, à categorização, que deu visibilidade à estrutura interna do corpus em análise.

A seguir, os elementos organizadores da representação foram evidenciados através de três indicadores: a freqüência do item evocado na população, a média de freqüência da evocação (definida pela média sobre o conjunto da população) e a importância do item para o sujeito (18).  

Quanto aos discursos da questão aberta, a análise temática possibilitou a construção de campos semânticos que ratificaram as conclusões obtidas com a determinação e controle do núcleo central.

Uma vez que, as representações sociais são entendidas como teorias socialmente elaboradas pelo grupo que serve de referência, buscou-se compreender a construção dos saberes compartilhados que forma o senso comum do referido grupo. Para isso, a interpretação dos dados considerou todo o corpus obtido através dos métodos qualitativos e quantitativos aqui empregados, e a respectiva combinação das técnicas utilizadas.  

1. A estrutura e a organização da representação social da atividade física 

A análise do núcleo central das representações possibilita que seus elementos sejam visualizados a partir de dimensões que organizam os constituintes empíricos e categorias, presentes na produção discursiva, na produção evocada ou inferida das análises.  

De acordo com Abric (27), toda representação social é organizada em torno de um núcleo central, que unifica e dá sentido ao seu conteúdo. Além desses, existiriam os elementos periféricos, responsáveis pela interface entre a realidade e o sistema central da representação. Logo, a partir de tais orientações tentou-se compreender a organização interna da representação social da atividade física na percepção da terceira idade.  

As associações das palavras que emergiram a partir da palavra indutora, apresentou um total de 279 evocações. A análise dessas evocações, feita por meio da observação da freqüência simples de cada uma delas, revelou 271 palavras distintas. Essas palavras foram, então, reunidas em função de sua natureza e significado (17); (28), tornando possível agrupar todas as evocações em 13 categorias ou campos semânticos (Quadro 1). Dentre essas, oito se destacam por representarem quase 80% as evocações : satisfação (57), saúde (43), dança (23), auto-estima (21), socialização (20), hidroginática (18), entretenimento (17), ginástica (17).  

Após a realização da análise estatística, quando foram consideradas suas freqüências e ordem hierárquica de aparecimento das evocações obteve-se um resultado que já deixa claro a existência de núcleos mais consistentes que outros, através do cálculo da ordem média de evocação - OME.

 


Quadro 1- Categorias por ordem de evocação e de freqüência


Mas, conforme Abric (18), como distinguir uma evocação prototípica daquela que é central, e, portanto, organizadora da representação?

Vergès, apud Sá (19), ao aprofundar o uso da técnica da associação livre de palavras para a identificação dos elementos do núcleo central das representações, propôs um método de análise que além de combinar a freqüência de emissão das palavras, busca, segundo Abric (18), “criar um conjunto de categorias, organizadas em torno desses termos, para assim confirmar as indicações sobre seu papel organizador das representações”.

Tal técnica torna possível a verificação da prototipicalidade dos elementos do núcleo central através de dois critérios: verificação da freqüência das evocações e da ordem média de evocação. A freqüência de evocação é encontrada pelo somatório das freqüências em que a palavra foi evocada em cada posição, enquanto que a ordem média de evocação é obtida atribuindo-se peso “1” a uma evocação em primeiro lugar, peso “2” quando se tratava da segunda evocação do sujeito, e assim por diante. O somatório desses produtos, dividido pelo somatório das freqüências da palavra citada nas diversas posições, corresponderá à ordem de evocação da palavra. A média aritmética dos valores da ordem de evocação de cada palavra corresponderá à ordem média de evocação.  

A combinação desses dois critérios, freqüência de evocação e ordem média de evocação de cada palavra, possibilita assim o levantamento daqueles que mais provavelmente pertencem ao núcleo central da representação, por seu caráter prototípico, ou, de acordo com Moliner, citado por Sá (19), por sua saliência.  

Vergès (19) também atentou para esse detalhe, combinando, assim, dois critérios metodológicos: um de natureza coletiva representada pela freqüência com que a categoria é evocada pelo conjunto dos sujeitos; outro de natureza individual, dado pela ordem que cada um confere à categoria no conjunto de suas próprias evocações.
As categorias semânticas que atendem simultaneamente a esse duplo critério, situam-se no quadrante superior esquerdo, apresentando freqüências de evocação acima da freqüência média do conjunto de categorias e ordens médias de evocação abaixo da média das ordens médias das diferentes categorias.

Logo, no Quadro 2, a partir da interseção da freqüência média de evocação do inteiro conjunto de palavras ou categorias semânticas com a média das suas respectivas ordens médias de evocação, são definidos quatro quadrantes que conferem diferentes graus de centralidade às palavras que os compõem. O eixo horizontal se refere á ordem média de evocação (com os valores menores para o lado esquerdo do eixo) e o eixo vertical, à freqüência de evocação (com valores maiores dispostos na parte superior do eixo).  

 


Quadro 2– Análise do núcleo central ao termo indutor “atividades físicas”


Observa-se que o quadrante superior esquerdo engloba as categorias mais suscetíveis de constituir o núcleo Central da representação, quais sejam “saúde” e “dança” na medida em que foram aquelas prontamente evocadas pelos sujeitos. Neste, elas correspondem a OME menor do que 2, 83 e freqüência maior do que 20, 84.  

Já no quadrante inferior direito, encontram-se as evocações de menor freqüência, provavelmente fazem parte do núcleo Periférico (elementos periféricos) e corresponde a OME maior do que 2, 83 e freqüência menor do que 20, 84 (entretenimento; disposição; alongamento).  

Então, verificamos que os aspectos mais salientes confirmam a representação e passam a dar significado a ela.
As respostas dos sujeitos deste estudo desvelam que aquilo que os pesquisadores mais têm evidenciado nos estudos sobre os efeitos da atividade física parece não ser o mais significativo para eles, ficando para estudos posteriores a promoção de novas interpretações das representações da atividade física.

Os dados aqui apresentados possibilitam indicar e descrever as principais concepções presentes nas classes analisadas. Noções estas, relativas às atividades físicas como sinônimo de bem-estar biopsicossocial, fuga da solidão, perda da negatividade, alegria de viver, integração social.

O Programa é tratado por essas pessoas, como uma meta a ser cumprida, a partir de seu empenho pessoal e de sua maior dedicação e coragem, como ferramentas para vencer os desafios causados pelo preconceito ou pelas dificuldades naturais do processo do envelhecimento.

Os significados compartilhados por todo o grupo pesquisado possibilitam a verificação da ancoragem da representação social, permitindo dar significado aos outros componentes (satisfação pessoal; socialização; auto-estima e os demais componentes dos outros quadrantes, no caso, esquerdo e direito inferior) que constituem e organizam a estrutura da representação social da atividade física e que foram evidenciados nesse estudo.

A abordagem das representações sociais no quadro experimental tem mostrado amplamente a ligação existente entre o sentido de interpretação que elas fornecem e as condutas que elas guiam. Abric (29) elucida mais particularmente os mecanismos que, desse ponto de vista, resultam do jogo entre a objetivação e a ancoragem.

Sendo assim, o significado de uma representação não pode ser compreendido se a isolarmos da dinâmica na qual ela está configurada. Portanto, neste sentido, a atividade física aqui representada por essas pessoas em processo de envelhecimento como saúde e dança vai se delineando nas imbricações, contradições, conflitos, incertezas e certezas que a sua prática concreta impõe. Esta dialética faz da representação social ao mesmo tempo enunciadora do sentido existente e prenunciadora do espaço possível de sua transformação.

Dos temas que emergiram, no que compete à saúde, foram categorizados dentro deste aspecto os depoimentos que mostraram que a própria pessoa resolveu praticar a atividade física para evitar complicações futuras à saúde geral, ou seja, uma das manifestações mais comuns é apontar a atividade física como oportunidade de participação (dança) e destacar a validade disso para a saúde, como nos seguintes depoimentos:

“Só vivia doente e minha família já estava ficando doente também, até o meu plano de saúde reclamava, era uma internação ou duas por semana, por isso vim pra cá para o programa” (Feminino, 62 anos). Notou-se uma percepção positiva de noção de prevenção e de instrumentalização para lidar com a própria saúde, no sentido de mantê-la ou de lidar com situações provenientes do processo de envelhecimento.

E, “. . . eu gosto muito, mas muito mesmo é de dançar, já chego aqui no projeto me rebolando toda e assim as mazelas vão todas embora”. (Feminino, 67 anos). A socialização é uma característica bastante importante desta prática no combate à solidão, uma vez que viabiliza a integração do individuo no grupo, favorece e amplia o potencial comunicativo entre seus integrantes através de uma conexão que se forma no desejo de dançar junto.

Alguns estudos apontam que a atividade física regular melhora os efeitos psicológicos e as desordens mentais (30); (31); (32). Outros consideram o desenvolvimento das relações interpessoais de cunho afetivo, como mecanismo capaz de garantir qualidade de vida e psíquica aos idosos (32); (33).  

Neste aspecto, a atividade física conforme os sujeitos da pesquisa, leva a refletir sobre a saúde como uma forma de ter companhia e fugir da depressão, conforme relatos: “. . . e o que se leva da vida, saber viver, aproveitar os bons momentos que nos restam, ficar triste e deprimida, sozinha, já era”. (Feminino, 78 anos). Ou, “não tenho muito estudo, mas, tenho muita inspiração divina, que junto com essas coisas daqui me levam adiante, já não tenho medo de nada, nem a depressão chega perto de mim” (Feminino, 67 anos).  

Sobre os estados psicológicos que acompanham o envelhecimento e suas implicações sobre a atividade física, Bromley, apud Okuma (1), afirma que as alterações psíquicas e sociais que acompanham o processo do envelhecimento têm como uma de suas bases às alterações que se operam no nível biofísico. Assim, parece que qualquer intervenção que afete a expectativa de vida, bem-estar em todos os aspectos e capacidade funcional na vida adulta depende muito da melhora das bases físicas do comportamento.  

Embora as causas das alterações no bem-estar mental sejam diferentes entre indivíduos idosos e mais jovens, as medidas terapêuticas para tratá-las são as mesmas (o que inclui a atividade física). Weyerer, apud Okuma (1), aponta para os efeitos da atividade física sobre a cognição, a percepção, o afeto, a personalidade, o autoconceito, bem como as síndromes clínicas como depressão, psicose, alcoolismo e deficiência mental, em que observa, de forma geral uma associação da atividade física com esses componentes da saúde mental.  
Como nesses relatos: “. . . porque eu tinha medo de sair sozinha pensando que poderia morrer”. (Feminino, 73 anos).  
E, “Para sair do alcoolismo, me aposentei e quis sair do marasmo, do fundo do poço onde tinha caído”. (Masculino, 61 anos).  

A rotina e a solidão foram detectadas também por nossos atores sociais. O sentimento de solidão na terceira idade ocorre quando se procura companhia e não se acha. Na velhice, a solidão pesa. Não é apenas um sentimento, é um estado, uma maneira de ser. Elementos negativos à saúde psicológica podem advir de tal sentimento, como por exemplo, a depressão.  

Como nesses depoimentos: “ para sair do dia-a-dia dos serviços de casa” (Feminino, 57 anos). E, “outra coisa que me trouxe aqui foi a solidão, que me deixou triste, sem ânimo para sair e até não tinha vontade de me alimentar, hoje, tenho fome, me arrumo mais” (Feminino, 73 anos).

A depressão pode ser caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas como perda de interesse, do prazer em atividades anteriormente significativas, distúrbio no sono, apetite, diminuição do interesse sexual, retardo psicomotor, dificuldade cognitiva, desesperança, diminuição da auto-estima, pensamento de morte ou suicida entre outros (34); (35).  

Os resultados deste estudo apontam consistentemente na direção dos efeitos positivos que a atividade física tem sobre os aspectos da saúde mental, conforme depoimentos dos sujeitos da pesquisa. Tais saberes corroborados pela literatura científica dão suporte suficiente para que se confie na forte correlação entre atividade física e bem-estar psicológico. Todo mundo, em teoria, faz jus a uma certa qualidade de vida, ainda que seus conteúdos, o que cada pessoa deseja para si possam variar, mas importante será que tais saberes nunca sejam negligenciados. Nunca houve velhice ideal. Hoje a adaptação a ela duplica a necessária adaptação a um contexto cultural que muda com extraordinária velocidade e radicalidade.


Conclusão

As evidências apresentadas no estudo permitem concluir, que a atividade física regular e a adoção de um estilo de vida ativo são necessárias para a promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento. O núcleo central é, pois, a base comum coletivamente partilhada das representações sociais, pois através dele realiza-se o consenso em torno de um objeto. No caso deste estudo, a atividade física está fundamentalmente associada à dimensão saúde e à dimensão social, garantida pelo binômio saúde-dança.

A partir disto, podemos concluir que a representação social da atividade física para nossos entrevistados está relacionada com um pensamento social mais amplo, ou seja, como forma de prevenir e controlar as diversas formas de doenças que aparecem mais freqüentemente durante a terceira idade.

A partir dos constituintes do núcleo central “saúde” e “dança”, pôde-se perceber que a atividade física para essas pessoas se revela muito mais como estratégia esclarecedora para a promoção da saúde do que como uma sistematização lógica de exercitações corporais. As atividades físicas do projeto foram avaliadas como um espaço possível para o desenvolvimento de novos valores, onde é permitido compreender-se e desenvolver-se, percebendo experiências de modo realístico e diferenciado, sem medo de assumir responsabilidades em direção a um novo estilo de vida em que cada momento da existência é vivido intensamente.  

As atividades do grupo e com o grupo, os estimulam a sentir-se seguros e determinados, auto-suficientes até, na busca de uma interação com um mundo peculiar e próprio. Os sentidos construídos à atividade física induzem um idoso descobrindo-se a si próprio, atualizando suas potencialidades e reconhecendo-se como um ser singular, na busca constante e motivadora de inúmeras possibilidades.  

A construção de um saber natural através das representações sociais pode indicar elementos sobre os quais se pode atuar sobre uma realidade, modificando-a ou aprimorando-a. O caráter saudável e social das atividades físicas do programa cria no grupo uma identidade social na qual os sujeitos compartilham conhecimentos, crenças e imagens que têm papel fundamental na dinâmica das relações sociais.


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