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Estudio exploratorio de investigación.

Fecha Publicación: 01/03/2007
Autor/autores: Rodrigues Cravo Barata Nuno Eduardo Roxo

RESUMEN

El presente estudio intenta evaluar la importancia de la reunión semanal del «Grupo de Niños» con parálisis Cerebral ? intervención grupal ? y su impacto en termos de depresión. La reunión semanal del «Grupo de Niños» tiene como finalidad fornecer estrategias de coping en el sentido de promover la autonomía y la interacción social. El estudio se ha realizado con 24 participantes con parálisis cerebral, evaluados en dos momentos temporales distintos ? t1 y t2 ? intervalados por dos meses y medio cuanto a los síntomas depresivos.

Mitad de los participantes fueran sometidos a la intervención grupal durante 10 sesiones semanales con la duración aproximada de 1 hora y media (Grupo Experimental ? GE) y la otra no ha sigo sometida a cualquier intervención (Grupo Control ? GC). La analice de los datos ha permitido verificar la existencia de una reducción significativa de los síntomas depresivos solamente en el grupo de participantes que han sido sometidos a la intervención grupal (GE). Al revés, en los participantes que no han sido sujetos a la intervención grupal (GC) no hube cualquier modificación de los síntomas depresivos.


Palabras clave: Depresión, Grupo de niños, Intervención grupal, Parálisis cerebral
Tipo de trabajo: Conferencia
Área temática: Depresión, Trastornos depresivos .

Estudio exploratorio de investigación.

Nuno Eduardo Roxo Rodrigues Cravo Barata.

PSICOCET – Centro Educativo e Terapêutico

PALABRAS CLAVE: grupo de Niños, parálisis Cerebral, Intervención Grupal, depresión.

(KEYWORDS: Group of Children, Cerebral Palsy, Group Treatment, Depression. )

Resumen

El presente estudio intenta evaluar la importancia de la reunión semanal del «Grupo de Niños» con parálisis Cerebral – intervención grupal – y su impacto en termos de depresión. La reunión semanal del «Grupo de Niños» tiene como finalidad fornecer estrategias de coping en el sentido de promover la autonomía y la interacción social.  

El estudio se ha realizado con 24 participantes con parálisis cerebral, evaluados en dos momentos temporales distintos – t1 y t2 – intervalados por dos meses y medio cuanto a los síntomas depresivos. Mitad de los participantes fueran sometidos a la intervención grupal durante 10 sesiones semanales con la duración aproximada de 1 hora y media (Grupo Experimental – GE) y la otra no ha sigo sometida a cualquier intervención (Grupo Control – GC). La analice de los datos ha permitido verificar la existencia de una reducción significativa de los síntomas depresivos solamente en el grupo de participantes que han sido sometidos a la intervención grupal (GE). Al revés, en los participantes que no han sido sujetos a la intervención grupal (GC) no hube cualquier modificación de los síntomas depresivos.

Abstract

The aim of this study is to assess the importance of the weekly meeting for the «Group of Children» who has cerebral palsy and the impact of this meeting in terms of depression. The aim of this meeting is to find out strategies of coping in order to promote the autonomy and the social integration. 24 children with this syndrome were studied and observed in two different periods – t1 and t2 - half of the participants were under a group treatment during 10 weekly sessions, lasting 1 hour and 30 minutes each (Trial Group – GE) and the other half of the participants were not under any treatment (Control Group – GC). After analysing the data, we could conclude that the GE (Trial group) who was under a specific treatment suffered less from a depressive syndrome. On the other hand, any change could be observed in the other group (GC).



Introdução

A primeira descrição de Paralisia Cerebral (PC) surge em 1843, efectuada pelo médico Dr. Little, considerando-se hoje não ser o termo «Paralisia Cerebral» o mais adequado, pois parece traduzir uma total ausência da função motora e psicológica o que não corresponde à verdade, além de ser um termo rejeitado pelos próprios e pelas famílias (Ferreira, Ponte & Azevedo, 2000).  

É uma deficiência crónica, surgida precocemente, não sendo o resultado de uma doença progressiva reconhecida (Ellenberg & Nelson: 1981, cit in Schleichkorn: 1983). A lesão é estática e não progressiva. Não é uma entidade clínica bem definida, mas uma síndrome complexa, com formas diferentes de apresentação clínica e, em muitos casos, de etiologia múltipla. A PC pode também ser referida como uma alteração do desenvolvimento, uma disfunção neuromotora ou uma alteração motora desenvolvimental.

Inúmeros autores afirmam um decréscimo da prevalência de PC, especialmente, no que diz respeito aos Países Desenvolvidos (Hagberg, Hagberg, Olow & Wendt: 1996).

Contudo, Gonçalves e Borges (1990) referem que a prevalência da PC não dá mostras de baixar, sendo 1. 9/1000 recém-nascidos na República da Irlanda (Dowding & Berry: 1988), de 2. 7/1000 na Suécia (Hagberg, Hagberg & Olow: 1989) e de 1. 5 – 2. 5/1000 no Reino Unido (Edmond, Golding & Peckmann: 1989). Dados mais recentes apontam para uma prevalência de 2. 36/1000 na Suécia, indicando uma interrupção no aumento contínuo que havia desde 1970 (Hagberg, Hagberg, Olow & Wendt: 1996).  

Em Portugal, pensa-se existirem aproximadamente 100. 000 casos de Paralisia Cerebral (Borges, Fineza, Gomes, Nazário & Sousa: 1987, cit in Gonçalves & Borges: 1990), mas não há um conhecimento exacto do número, devido ao desconhecimento da existência dos Centros Especializados, nalgumas zonas do país, e à dificuldade no estabelecimento de um diagnóstico precoce. Andrada, (1995) refere uma prevalência actual de casos de Paralisia Cerebral de 1. 5-2. 5/1000 nados vivos.

A incidência desta patologia parece ser ligeiramente superior nos indivíduos do sexo masculino, numa proporção de 1. 4 rapazes para 1 rapariga (Gilrou & Meyer: 1979, cit in Schleichkom: 1983).

Segundo Marques (1998, p. 38), «a etiologia da PC é múltipla e poderá ocorrer em diferentes estádios de desenvolvimento – pré-natal, perinatal e pós-natal».

Andrada (1986, cit in Monteiro: 2002) afirma existirem três tipos nosológicos mais comuns: (A) Síndromes Espásticos, que se pode classificar em três tipos: Hemiplegia, Diplegia, Tetraplegia e Monoplegia; (B) Síndromes Disquinéticos; (C) Síndromes Atáxicos.

Segundo, Menolascino (1990) existe uma maior vulnerabilidade da população com Deficiência em relação à manifestação de problemas comportamentais graves ou psicopatologia, comparativamente à população «normal», com um risco cerca de duas vezes superior.

Este risco parece resultar em parte das dificuldades de processamento da informação e problemas de auto-regulação comportamental e emocional, aliados a alterações físicas ou sensoriais, problemas orgânicos, factores culturais e familiares, bem como a não aceitação da pessoa com deficiência – muitos problemas comportamentais parecem ser causados pela forma como as pessoas com deficiência se sentem (ou não) integradas na sociedade (Marinho, 2000).  

Estudos de prevalência em diferentes países ocidentais mostram que a depressão é um transtorno frequente. A prevalência anual da população em geral varia entre 3% e 11% (Fleck et al: 2003).  

Segundo Schuyler e Katz (1973, cit in Beck, Rush, Shaw & Emery: 1997), pelo menos 12% da população adulta teve ou terá um episódio de depressão de severidade clínica suficiente para justificar tratamento.

Segundo Vallejo (2003) entre os pacientes em geral a prevalência da depressão oscila, segundo as estatísticas, entre os 10 e 20%, e entre os pacientes psíquicos aumenta até quase 50%. Só 10% destes pacientes são encaminhados para as consultas psiquiátricas especializadas, pelo que os restantes 90% são tratados por clínicos gerais ou outros especialistas não psiquiatras ou não recebem tratamento.

Em geral, tem vindo a considerar-se que as pessoas com discapacidade neuromotora são duas vezes mais propensas a desenvolver problemas graves de comportamento ou doenças mentais do que as pessoas sem qualquer deficit (Eaton & Menoslacino: 1982, cit in Alonso & Bermejo: 2001). Este risco pode dever-se ao resultado da dificuldade da pessoa com discapacidade em processar informação, a dificuldades relacionadas com aspectos médicos, físicos ou sensoriais, a problemas orgânicos, factores culturais-familiares, rejeição por parte da sociedade e preconceitos injustos em relação a ela. Outros factores relacionam-se com a incapacidade para comunicar os seus sentimentos; inclusive quando aparentam ter uma linguagem adequada têm grandes dificuldades para processar sentimentos abstractos e emoções.

Perante os aspectos acima expostos, foi de elevada pertinência implementar a terapia de grupo, em que os objectivos passam por fomentar a saúde mental dos seus participantes, porque nela concorrem uma série de factores (Vallejo: 2003). Sendo assim: (I) O grupo proporciona tranquilidade e protecção aos seus membros; (II) O grupo poderá facilitar a expressão verbal; (III) O sujeito está consciente de que tem uma oportunidade para reaprender a relacionar-se com os outros; (IV) Dão-se fenómenos de identificação rápidos e complexos que facilitam a compreensão dos outros e das suas próprias dificuldades; (V) O grupo potencia ao máximo todas as características pessoais, tanto as mais positivas como as mais negativas.

Em síntese, Caballo (2002) refere que uma terapia de grupo é um lugar ideal para se aprender a se relacionar e a interagir com as pessoas de formas diferentes, é um contexto seguro no qual se pode praticar novos comportamentos.


Em virtude da sintomatologia depressiva, recorreu-se ao uso de técnicas congnitivo-comportamentais. Usou-se no trabalho de grupo, a terapia cognitiva para a depressão de Beck.

Recorreu-se, no início do grupo, ao Treino de Habilidades Sociais, para desta forma quebrar o gelo entre os membros do grupo. Pediu-se aos elementos do grupo que se unissem em pares, ficando cerca de dez minutos a conversar, nos quais cada membro da dupla passa cinco minutos falando com o outro. Posteriormente, as pessoas voltam ao grupo e cada membro faz uma pequena síntese do(a) seu companheiro(a).

Foram utilizadas outras técnicas, tais como: (1) Monitorização da Actividade, ou seja, pede-se aos sujeitos que façam um registo das actividades realizadas; (2) Programação de Actividades, em que se planeia actividades agradáveis e gratificantes ao longo do dia; (3) Registo Diário dos Pensamentos Negativos/Disfuncionais. Manter um registo diário dos pensamentos negativos que desencadearam o humor depressivo e situações associadas; (4) Treino de Respiração. Perante situações mais stressantes, pede-se aos elementos do grupo que comecem a respirar abdominalmente.

Recorreu-se à técnica psicodramática espelho, técnica em que o protagonista sai de cena e passa a ser espectador da representação que um ego auxiliar faz de sua intervenção anterior, para que possa identificar como próprios aspectos ou condutas que não está a reconhecer como suas (Osório: 2000). Utilizou-se, igualmente, as técnicas inversão de papéis e solilóquio.

Posto isto, serão apresentadas algumas das ideias fundamentais retiradas das sessões: (1) Faço tudo o que for preciso para vir ao Centro; (2) Ficarmos enrolados em casa é que não convém; (3) Toda a gente tem direito à vida; (4) Finalmente sei que não estamos sozinhos; (5) Ainda bem que vim para este grupo; (6) Somos uma família.

Quanto às iniciativas levadas a cabo no exterior e com o exterior, salientam-se as seguintes: (1) Visita ao centro de estágio do FCP, em Gaia, com recepção pelo guarda-redes Victor Baía e observação de uma sessão de treino da equipa principal; (2) Visita à Gráfica Navprinter, maior do Norte do País, com acesso a provas dos maiores jornais nacionais, diários, semanários e desportivos; (3) Participação num programa televisivo “Praça da Alegria”, no estúdio de Gaia, com várias entrevistas ao longo da emissão com Jorge Gabriel, RTP1; (4) Realização da Exposição Colectiva, com trabalhos individuais e colectivos; (5) Participação no programa matinal da Rádio Sanjoanense, S. João da Madeira, com entrevista em estúdio, conduzida por António Santos; (6) Visita ao novo Estádio do Dragão, para assistir a um jogo; (7) Visita à Escola Secundária Teixeira Lopes, em Gaia.
Este estudo pretende avaliar a importância da intervenção grupal num grupo de jovens com paralisia cerebral em relação aos seus efeitos sobre os sintomas depressivos.  

Procura-se verificar se esta reunião terá implicações directas na diminuição ou não dos sintomas depressivos. Centrar-se-á numa pequena amostra de utentes do Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral do Porto (C. R. P. C. P. ) e, como tal, não deverá ser generalizado a todos os sujeitos que padecem desta patologia, pois esta amostra é pouco significativa de uma população que tende a aumentar no nosso país.


Método

Este trabalho pretende avaliar a importância da intervenção grupal num grupo de jovens com paralisia cerebral em relação aos seus efeitos sobre os sintomas depressivos. Procura-se verificar se esta reunião terá implicações directas na diminuição ou não dos sintomas depressivos.

Relativamente à questão científica, coloca-se a seguinte hipótese: A intervenção grupal promove a redução de sintomas depressivos junto de um grupo de jovens com Paralisia Cerebral.

Participantes

A amostra é constituída por 24 participantes portadores de Paralisia Cerebral (8 do sexo feminino – 33, 4% - e 16 do sexo masculino – 66, 6%- seleccionados de uma população do C. R. P. C. P. Ao analisarmos as sub-amostras (Grupo Experimental; grupo Controlo), verificamos que ambas apresentam igual distribuição de participantes quanto ao sexo (8 do sexo masculino e 4 do sexo feminino), correspondendo respectivamente a 33, 3% e 16, 7% da amostra total.

Salienta-se, desde já, que a amostra é não probabilística, sendo do tipo de amostragem por selecção racional, uma vez que, refere-se a «amostras de conveniência» (ou «incidentais», ou «voluntárias») e levanta um problema fundamental que reside na impossibilidade de estimar os erros de amostragem, pelo que as inferências para a população ficam largamente prejudicadas.

Material

Para avaliar a presença de sintomas e características depressivas, foi passado a cada um dos participantes, o Inventário Depressivo de Beck-II (Beck Depression Inventory – BDI-II) com o intuito de avaliar a intensidade de sintomas depressivos em t1 (antes da intervenção grupal) e em t2 (depois da intervenção grupal).  

O BDI-II é um questionário de auto-resposta constituído por 21 itens (categorias de sintomas e atitudes – físicas e psicológicas) pontuados de 0 (baixo) a 3 (alto), sendo que, quanto maior for o score total obtido (0=mínimo; 63=máximo) maior será o índice de depressão (0-12 pontos Ausência de Depressão; 12-18 pontos Depressão Leve; 18-24 pontos Depressão Média; mais de 24 pontos Depressão Grave). O modo de resposta a cada um dos itens tem a forma de Guttman, ou seja, são apresentadas «4 ou 6 afirmações, cada uma reflectindo um grau crescente da severidade da depressão» (Beck et al, 1961: cit in Cunha: 1993), sendo que para cada item área o sujeito deverá optar por uma única afirmação, consoante esta descrever de forma precisa e concreta os sentimentos do sujeito alvo durante as últimas duas semanas, incluindo o dia do preenchimento do inventário.  

Procedimento

A selecção dos participantes (tanto dos sujeitos que integraram o grupo experimental como dos sujeitos que integraram o grupo de controlo) foi feita procedendo primeiro à observação e entrevista com posterior análise da sintomatologia (através das consultas individuais), sendo seleccionados os que apresentassem menores dificuldades comunicacionais e sem atraso mental ou atraso mental leve1.

Antes de se proceder à aplicação do instrumento, foi dito aos participantes que todos os dados recolhidos seriam confidenciais. Deu-se a conhecer o objectivo do estudo e obteve-se o consentimento livre, escrito e esclarecido dos participantes.

Desta forma, foi passado a cada um dos participantes, o Inventário Depressivo de Beck com o intuito de avaliar a intensidade de sintomas depressivos em t1 (antes da intervenção grupal) e em t2 (depois da intervenção grupal).  

O inventário foi lido por todos os sujeitos e foi-lhes pedido que interpretassem cada afirmação salvaguardando, desta forma, uma possível má interpretação dos sujeitos. Para não haver diferenças no preenchimento do inventário, este foi preenchido pelo investigador, pois muitos dos participantes apresentavam dificuldades ao nível da motricidade fina.

Resultados

Após a cotação do Inventário Depressivo de Beck, procedeu-se à análise intra e inter-grupo dos resultados obtidos pelos particantes. Recorreu-se ao Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 14. 0, para se fazer o tratamento estatístico dos dados, utilizando-se para o efeito:

· Análises descritivas (estudo das médias e desvios padrão nos dois grupos e nos dois momentos temporais);

· Análises diferenciais (teste t student para amostras independentes (GE vs GC em t1 e em t2) e para amostras emparelhadas (GE t1 vs GE t2; GC t1 vs GC t2).

 


Figura 1. Índice de Depressão no grupo Experimental (IPBDI1 – em t1; IPBDI2 – em t2) e no grupo de Controlo (SIPBDI1 – em t1; SIPBDI2 – em t2).



Quadro 1. Análise Comparada dos Sintomas Depressivos entre os Dois Grupos (GE e GC) nos Dois Momentos Temporais (t1 e t2)

Pela análise do Quadro 1 e da Figura 1, observamos que os participantes do grupo experimental apresentam em t1 um valor médio no BDI de 17 (DP = 6. 09) - «Depressão Leve», enquanto que nos participantes do grupo controlo, o valor médio no BDI é de 19. 08 - «Depressão Média» (DP = 8. 92).  

Após a intervenção, num segundo momento de avaliação (t2), constatamos que os participantes que integraram o grupo alvo de intervenção grupal, registam uma redução nos valores médios de depressão, apresentando um valor de 10 (DP = 3. 59), que equivale a «Ausência de Depressão». Os participantes que não foram alvo de qualquer tipo de intervenção, não apresentaram uma alteração muito significativa nos valores médios do BDI nos dois momentos de avaliação, registando em t2 um valor médio de 20. 58 (DP = 9. 82), que corresponde a «Depressão Média».

Constatamos, igualmente, que os participantes de ambos os grupos (GE e GC) não se distinguem à partida (t1) quanto aos sintomas depressivos [t(23) = -. 668; p = . 511]. O mesmo já não se passa depois de se implementar a intervenção. De facto, verificamos que os participantes que foram alvo da intervenção grupal (GE) apresentam, em t2, valores médios de depressão significativamente inferiores aos apresentados pelos participantes que não foram submetidos a intervenção (GC) [t(23) = -3. 506; p = . 004]



Quadro 2. Análise Comparada dos Sintomas Depressivos entre os Dois Momentos Temporais (t1 e t2) nos Dois Grupos (GE e GC)

Quando procedemos à análise comparada daquilo que se passa em cada um dos grupos (GE e GC) ao longo do tempo (de t1 para t2) (Quadro 2), observamos que existe uma redução significativa dos sintomas depressivos junto daqueles que foram submetidos à intervenção grupal [t(22) = 5. 40; p = . 000], o que não se verifica de forma tão acentuada nem no mesmo sentido, junto dos participantes que não foram alvo de intervenção (t(22) = -1. 26; p = . 234]. De facto, assiste-se no GC a um aumento, ainda que não significativo, da sintomatologia depressiva.


Discussão

Verificamos que antes do início da terapia grupal os participantes de ambos os grupos apresentam índices depressivos, sendo que o grupo experimental (com intervenção psicológica) apresenta um valor médio de índice depressivo de 17, enquanto que o grupo de controlo (sem intervenção psicológica) apresenta um valor médio de índice depressivo de 19. 08 sem, contudo, se distinguirem entre si.

Após a intervenção grupal, constatamos que as médias amostrais dos valores obtidos no BDI nos dois grupos divergem acentuadamente, apresentando valores de 10 e 20. 58 para o grupo experimental e para o grupo de controlo, respectivamente, sendo esta diferença estatisticamente significativa.

Perante estes resultados, e com base nos objectivos específicos propostos neste estudo empírico, confirma-se que existem diferenças significativas entre os participantes sujeitos a terapia de grupo e participantes não sujeitos a este tipo de terapia, o que vai de encontro com outros estudos efectuados (Shipley & Fazio: 1973; Shaw: 1977; Dobson: 1989).

Numa avaliação intra-grupal verifica-se que no grupo alvo de intervenção grupal (GE) há diferenças significativas, entre os momentos temporais (t1 e t2), assistindo-se a uma redução significativa da sintomatologia depressiva apresentada pelos participantes (17 e 10, respectivamente). Estes resultados vão de encontro a um estudo efectuado por Rush e Watkins (1978, cit in Beck, Rush, Shaw & Emery: 1997), que também verificaram valores pós-tratamento significativamente mais baixos em medições da síndrome depressiva do que haviam evidenciado no pré-tratamento.

No grupo de controlo (GC) e numa perspectiva intra-grupal, verifica-se que não há diferenças estatisticamente significativas nos dois momentos avaliativos (t1 e t2), verificando-se um aumento, não significativo, da sintomatologia depressiva apresentada pelos participantes (19. 08 e 20. 58, respectivamente).

Perante estes valores, pode-se demonstrar que o tratamento cognitivo-comportamental, de que foi alvo o grupo experimental, apresenta resultados mais satisfatórios (diminuição) relativamente à sintomatologia depressiva, o que corrobora os estudos efectuados por Shipley e Fazio (1973) e Dobson (1989).

De acordo com os resultados já citados, confirma-se a pertinência de uma intervenção grupal em sujeitos com deficiência, sendo que, neste estudo, registou-se uma melhoria na sintomatologia depressiva, o que vem no sentido do encontrado por Gallimore e Zetlin (1980) e Goldstein (1972, cit in Marinho, 2000).

Pode-se afirmar que a não melhoria da sintomatologia depressiva no GC se deve à ausência de qualquer tipo de intervenção, seja ela individual ou grupal. Por conseguinte, a melhoria da sintomatologia depressiva no GE deveu-se à identificação e consequente modificação dos processos e padrões cognitivos disfuncionais. Este tipo de terapia permitiu focar não só nos aspectos cognitivos, mas também nas relações recíprocas entre o afecto, o comportamento e a cognição, produzindo uma mudança nestas três áreas.  

Nas primeiras etapas do tratamento da depressão, procurou-se usar algumas técnicas que se centram, em grande parte, na mudança comportamental e enfatizam menos a mudança cognitiva. A programação de actividades que proporcionam satisfação ao paciente, permitiu que os participantes se tornassem mais activos e se envolvessem mais no seu ambiente. Ao mesmo tempo, deve-se observar que a mudança comportamental não começa sozinha. Inclusive na programação de acontecimentos, o terapeuta conhece as atitudes que o indivíduo mantém, de modo que pode escolher actividades que se unam a estas atitudes, a fim de criar maior efeito anti-depressivo.  

O registo diário dos pensamentos disfuncionais, permitiu aos participantes consciencializarem-se sobre o «fluxo de pensamento» e o desfile de imagens que influem nos seus sentimentos e nos seus comportamentos. Esta técnica permitiu a identificação das situações que disparam os pensamentos automáticos negativos e descobrir os laços entre a cognição e a emoção. Permitiu, igualmente, identificar certos momentos do dia que são particularmente problemáticos.

A introdução do elemento psicodramático no grupo revelou-se de extrema valia, pois permitiu trabalhar em situações nas quais a comunicação verbal se tornou difícil ou na presença de «impasses» na evolução do grupo.

O uso de técnicas psicodramáticas no grupo permitiu uma melhor compreensão aos participantes de distorções cognitivas e de acções pouco compreensíveis dos participantes em várias situações, por eles, experienciadas.

Constatamos que foi muito importante os participantes colocarem-se no lugar do outro (inversão de papéis), proporcionando uma quebra do hábito ou estereótipo de visualizar o conflito sempre do mesmo ponto de vista. O verbalizar sentimentos e pensamentos evocados durante a cena dramática (solilóquio), revelou-se fundamental para os participantes, pois proporcionou uma melhor compreensão das situações representadas. Em algumas situações os participantes não reconheciam os seus comportamentos, enquanto representavam a cena dramática, por isso, o recurso à técnica do espelho permitiu aos participantes identificar certas atitudes e comportamentos como seus mas representados por outra pessoa.  

Pensamos que a reestruturação cognitiva ajudou os participantes a identificarem os seus próprios pensamentos automáticos negativos. Com a reestruturação cognitiva conseguiu-se que os participantes identificassem e modificassem estes pensamentos conduzindo a alterações posteriores no seu estado de ânimo, na sua fisiologia e no seu comportamento, o que vai de encontro aos estudos de Beck e Emery (1985).  

Constata-se que a paralisia cerebral exige um elevado grau de serenidade e realismo na sua abordagem, mas também de optimismo, sem a qual cairíamos num niilismo nefasto que nos impediria de ajudar o paciente a superar seus problemas. Recordo sempre uma frase de Gonzalez (1977), que foi o meu lema de actuação «En el tratamiento de la parálisis cerebral hay que mantenerse siempre en un punto intermedio entre la eutanasia y la utopía» 2 (p. 22).  

A experimentação realizada com um grupo com alguns deficits motores e cognitivos mostrou que fornecendo as condições necessárias, estes sujeitos são passíveis de aprendizagens e campos de interesse superiores às expectativas.

Constata-se que treinar os pacientes nessas habilidades cognitivas ajudou a sustentar a melhora. A concentração em problemas aqui-e-agora pareceu produzir alívio acentuado nos sintomas depressivos.

Tudo isto permite inferir que a técnica da reestruturação cognitiva representa, mesmo em intervenções levadas a cabo em pequenos grupos (12 participantes), uma técnica adequada na actualidade para intervir nos sujeitos diagnosticados com depressão, o que vai de encontro a um estudo feito por Ruiz (2003, cit in Rodríguez et al: 2003) que, concluiu que um grupo com mais de 9 participantes alcança melhores resultados que os grupos de 3-4 e 6-7 participantes.

Posto isto, constata-se que a terapia de grupo poderá ser deveras importante para o tratamento da depressão. Neste tipo de terapia poderão discutir-se os problemas colectivamente, ajudando a combater o isolamento social, reforçar junto das pessoas com depressão o facto de não serem as únicas a terem sintomas que as afligem e proporcionar uma oportunidade para o encorajamento mútuo e discussão de formas práticas de ultrapassar a depressão.

Assim sendo, deve apostar-se mais alto nos jovens e adultos portadores de deficiências e a sociedade não deve infantilizar o discurso quando interage com esta população, mas «normalizar» no sentido amplamente referido de valorizar.

Deve-se conceptualizar a pessoa com Paralisia Cerebral como um organismo dinâmico, experimentando, manipulando e participando activamente nos seus ambientes, tentando perspectivar-se uma forma inovadora de pensar e realizar as intervenções psicológicas junto desta população.

Em futuras investigações é importante, depois da avaliação pelo BDI-II, a utilização de uma entrevista clínica estruturada para o DSM-IV (1996), como a de Spitzer (SCID; First, Spitzer, Gibbon & Williams: 1995), para um melhor controlo da minimização ou exagero dos resultados.

Segundo Groth-Marnat (1990), resultados abaixo de 4 podem indiciar uma possível negação dos sintomas depressivos e resultados acima dos 40 podem indicar um possível exagero da sintomatologia depressiva, mesmo em sujeitos com depressão severa.

Este estudo apresenta a limitação de não ter encontrado estudos, que tivessem como participantes sujeitos com Paralisia Cerebral e cujo objecto de análise fosse a intervenção grupal. A deficiência é uma área ainda pouco explorada, mormente a Paralisia Cerebral, o que dificulta, ainda mais, a percepção das competências destes sujeitos!


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Notas

1 Segundo Marinho (2000), o atraso mental leve é descrito como sendo um critério de funcionamento intelectual significativamente inferior à média referindo-se a uma pontuação típica de aproximadamente 70-75, que toma em linha de conta o potencial erro padrão de 5 pontos acima ou abaixo no resultado de QI.

2 Traduzindo para português seria «No tratamento da paralisia cerebral temos que nos manter sempre num ponto intermédio entre a eutanásia e a utopia».


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